Cuidado com o Rafeiro! Não é que morda, mas podes pisá-lo sem querer...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ó Xô Dôtor, aprende lá a escrever!


Fala-se tanto da média elevada que os alunos precisam para entrar em Medicina, dos longos e penosos seis anos que passam em marranços, esquartejamentos de cadáveres e práticas médicas, quando o que se constata é que essa malta sai da faculdade sem saber escrever.

Mas alguém (excluindo os peritos em hieróglifos) consegue ler os gatafunhos que os médicos rabiscam nas receitas? Desconfio que haverá malta que associa a qualidade do médico à incompreensibilidade da gatafunhice, do género “ai, ele deve ser um médico excelente, não se percebe nada do que ele escreve!”.

Por vezes fico na dúvida se aquela forma de escrever, adoptada pela quase generalidade da classe médica, serve para despachar mais depressa o paciente ou é para poderem argumentar mais tarde que o medicamento prescrito era outro totalmente diferente:
Médico: Ben-u-ron?!? Então não se vê perfeitamente que eu escrevi aqui Bisolvon? Acha que eu sou parvo, ou quê?
Paciente: Não fosse pelo seu Doutor estar a segurar na receita ao contrário e eu até diria que não...

Está bem que eu próprio utilizava um estratagema semelhante nos exames, quando não tinha a mínima ideia do que havia de escrever, como por exemplo:
Pergunta: defina qual a corrente filosófica que melhor se coaduna com a política económica subjacente à Grande Depressão dos anos 30 no Burkina Faso
Resposta: Sem qualquer margem para dúvidas, a corrente filosófica de que falamos é a msexunhofezeda!

Depois era só rezar para que o professor visualizasse no gatafunho uma palavra semelhante à resposta correcta. Claro que isto não era propriamente honesto, mas também a única vida em risco era a minha!

Muito sinceramente, acho que no fim da formatura os médicos ainda deveriam passar mais um semestre a terem aulas de caligrafia, com uma professora que lhes daria umas reguadas sempre que a letra se assemelhasse a um sismógrafo ou tivesse uma inclinação inferior a 87 graus ou superior a 94 graus!

Outra possível solução seria, num dos muitos congressos a que assistem para descobrirem as maravilhas do novo medicamento apresentado pela farmacêutica patrocinadora da viagem, roubarem umas horinhas para que alguém lhes pudesse apresentar o maravilhoso mundo do processador de texto, ou para os mais tradicionalistas, as fantásticas máquinas de escrever! É que nem sabem o bem-estar que provoca aquele “tec-tec-tec-tec-DLING!” melodioso! Claro que não me refiro aos vossos ouvidos, mas sim aos olhos dos farmacêuticos e à saúde dos vossos pacientes.

É que, sejamos honestos, se vou colocar a minha saúde dependente de adivinhar o que está escrito numa receita, prefiro tentar adivinhar o que tenho, pelo menos sempre poupo “alguns” cobres!

Até sempre,
Rafeiro Perfumado

201 comentários:

  1. Sorrisos em Alta, vou perguntar à jove se posso discordar do que disseste! Abraço!

    Inês, se leres mais uns quantos textos deste blog poderás perceber a minha intenção, que não é nenhuma. Pego em coisas que acho piada e brinco com elas, não tens de te sentir ofendida, acredita. Um grande RAUF para ti!

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