Cuidado com o Rafeiro! Não é que morda, mas podes pisá-lo sem querer...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Hoje não venhas com piadas, que estou com dor de cabeça...


Antes de começar a divagar sobre os assuntos do título (são dois em um, como poderão perceber pela utilização de palavras em itálico), quero deixar bem claro que não me considero um humorista, e digo isto muito a sério, o que só reforça as minhas palavras. Sou um simples rafeiro, que gosta de escrever umas coisitas e que ocasionalmente consegue arrancar uns sorrisos a pessoas menos exigentes. E nem se atrevam a fazer a transposição destas palavras para o meu desempenho sexual!

Se repararem bem, a arte de fazer (bom) humor pode perfeitamente ser equiparada à (boa) prática sexual. E por forma a destorcer esses narizes, atentem nas seguintes analogias:
- o humorista sobe ao palco. Está nervoso, pois mesmo não sendo a sua primeira vez não sabe como será a reacção do público às suas piadas. Por outro lado, a própria entrada, bem como a sua apresentação, pode desde logo condicionar todo o espectáculo, pelo que convém fazer as coisas com naturalidade mas sempre de forma a cativar a audiência presente na sala.
- começa pois por se apresentar e contar umas piadinhas, apenas para tomar o pulso à plateia e quebrar o gelo (o equivalente aos preliminares), tendo muitas vezes de adaptar esta introdução ao tipo de audiência que tem, uma vez que nem todas reagem da mesma forma aos estímulos fornecidos
- a partir do momento que o humorista sente que o público está na sua onda, que tem o controlo da situação nas mãos, é a loucura, e começa então o verdadeiro espectáculo! Ele é piadas à frente, piadas atrás, muita expressão corporal, muitas caretas, um linguajar intenso, sempre com o público a acompanhar e a delirar com o desempenho do artista, contorcendo-se aqui e ali de riso, desejando no seu íntimo que aquele espectáculo não acabe
- mas ninguém é de ferro, pelo que tudo tem um fim. Normalmente o humorista opta por lançar uma última piada, normalmente mais longa e que faça o público ficar verdadeiramente ao rubro, expectante em como a mesma vai acabar. Quando o orgasmo, perdão, a piada tem o seu epílogo, a audiência aplaude o artista, de pé ou sentado, consoante o seu estado, ficando a suspirar pela próxima vez em que possa privar de novo com tal talento
- Se por acaso houver pedidos de encores, bom, cabe ao artista julgar se está em condições de prosseguir o espectáculo e se o público merece tal atenção e esforço suplementar

Mas claro que nem tudo são rosas, e há públicos que não reagem, por muitas voltas que lhe tentem dar. Tentam por um lado, recebem indiferença. Tentam por outro, ouvem uma ou outra vaia. Tentam uma via mais alternativa, e é a indignação! Convém o artista ter um reportório longo e bem preenchido, por forma a conseguir dar a volta mesmo às plateias mais frias ou mais exigentes. Convém também ter sempre presente que há erros inadmissíveis, que a ocorrerem poderão resultar na expulsão do mesmo da sala, sob um coro de vaias e projecção dos objectos mais contundentes que a plateia consiga achar:
- o artista nunca deve gabar o seu desempenho ou plateia que teve num espectáculo anterior, pois pode levar a que a plateia actual se vire contra ele, uma vez que ninguém gosta de saber que o artista já fez rir outros, preferindo pensar que são especiais, o único objecto de atenção do artista, não existindo passado nem futuro que não a inclua. Na mesma linha, outro erro a evitar é o artista dizer que lhe perdoem qualquer lapso, pois está demasiado cansado em virtude do espectáculo anterior. Qualquer desempenho que se ressinta disso só pode trazer consequências nefastas para o artista, pois a audiência quere-o na sua plenitude, não aceitando nada abaixo disso.

Outra situação desagradável é o artista a meio duma piada ter uma branca. Se conseguir disfarçar, pode sempre optar por improvisar, desviando a atenção da plateia para outro lado, pelo menos até se lembrar do que queria dizer. Caso o esquecimento seja grave, ao ponto de poder comprometer todo o espectáculo, convém ter sempre à mão uma cábula ou mesmo alguém que lhe sirva de ponto.

Mas mesmo assim, ainda pode suceder o grande pesadelo de qualquer humorista: quando vai a terminar a piada, alguém na plateia diz “essa é velha, pá, já toda a gente a conhece”. Replicando esta situação para o sexo, é quando a sogra nos bate à porta em pleno acto. Pior mesmo só ouvir o público a retirar-se enquanto comenta "pfff, já vi coisas bem melhores, este devia pensar em dedicar-se a outra coisa".

Até sempre,
Rafeiro Perfumado

201 comentários:

  1. By myself, demasiado tarde o teu aviso, a minha imaginação já disparou! ;) Beijocas!

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