De repente, todo o meu mundo líquido se drenou…pelo que diziam as leis da biologia que me obriguei a intuir, estava na hora. Era este o momento!
Algures, entre Meca e o Dubai, minha Mãe tinha emprenhado 176 dias antes. A sua vontade de se libertar do que nunca tinha tido levara-a ali, àquela areia quente, àquele vulto masculino, a fazer parte daquelas duas sombras nocturnas de gente. Pouco passava das quatro da manhã.
Algures, entre Meca e o Dubai, minha Mãe tinha emprenhado 176 dias antes. A sua vontade de se libertar do que nunca tinha tido levara-a ali, àquela areia quente, àquele vulto masculino, a fazer parte daquelas duas sombras nocturnas de gente. Pouco passava das quatro da manhã.
Sensualmente espalhou perfume em si. Desesperadamente sorria. Silenciosamente foi-se aconchegando no chão. Nunca imaginou fazer tal coisa na areia! Muito menos ali, naquela luz cega e insinuada. Aliás, pelo que ela me ia cantando pelas paredes uterinas - entre um choro sorrido e um sorriso molhado - nunca o tinha pensado fazer, ponto final. Mas sem perceber muito bem como, ali estava, aberta como a claridade lunar, brilhante como o deserto.
“Não me tocas?” perguntou ela;
“Não me pediste para ver a cor do amor?” respondeu uma voz densa, que cada vez mais parecia não passar disso mesmo;
“Sim, era esse o objectivo, ver a côr…mas não posso também cheirar o grito? Tocar o aroma? Ouvir o sabor? Saborear a pele?”;
“Agora não…em breve…não agora…”;
“Não sejas tão seco!”. Foram estas as últimas palavras a dois. Estava sozinha, ali. Ela, a lua, a areia, a vontade e o amor, todos se combinavam no mesmo deserto de tudo. Adormeceu pendurada na madrugada que, então, estava a acordar…
A mesma madrugada chamava por mim agora, lá fora.
“E se eu fico todo sujo?” pensei “E se aquilo sempre é o que a minha Mãe cala?”
Nada a fazer. Por esta altura já aquela quase-luz me tinha vestido, tal como fez com a noite. Já não eram as estrelas que me esperavam no mundo. Era música. A música invadiu o ambiente. A música, umas vozes e uns quantos silêncios.
Tentei lembrar-me e dali mergulhei no incógnito, desperto na madrugada, mas encolhido pelos medos alheios que me atravessavam as células.
Não foi o sol que me amparou. Nem a chuva, como me tinham prometido. Foi uma angústia feita de neblina, nevoeiro, lágrimas que se transformavam em vidro pelo negro do pensamento e que se estilhaçavam na ingratidão. Lá estava a tal multidão em alvoroço pelo que esperava não ver, ainda.
Eram feitos de nada os urros amordaçados pelo espanto. Mas chegavam e não partiam. Enchiam-me a cabeça em vagas de dor e arrepio.
“Não pode ser!” gritou uma criança, logo arrastada pelos cabelos para junto de um pai que não sabia não o ser. “Não pode ser…” murmurava o padre, pai da criança sem o saber. “Não pode ser.” chorava a mãe da criança, que aproveitava para despejar o peso do que sabia. Era o pecado que unia aquela gente a mim. Era a luxúria a nossa placenta. Era promíscuo cada centímetro do cordão que nos cozia os umbigos.
Sem esperar que me tocassem, olhei uma última vez para a minha Mãe, agarrei todo o ar poluído que consegui morder, dei-lhe um trago tão fundo como a inspiração que recebi no enigma que recai silenciosamente sobre a visão do triângulo (aquele triangulo que agora se definia de novo, como antes da primeira madrugada) e…gargalhei! As minhas mais sonoras e prolongadas gargalhadas.
As primeiras, mas não as últimas. Nunca!
N…a…s…c…i!
"Este post foi elaborado por OUTRO através de uma colaboração de bloguistas onde DAMULARUSSA e IRRITADINHA forneceram as seguintes palavras: Perfume, Areia, Sujo, Musica e Seco; Vidro, Madrugada, Sujo, Seco e Dubai. BIGMAC e RAFEIRO PERFUMADO constituíram com as palavras as seguintes frases: “no enigma que recai silenciosamente sobre a visão do triângulo"; "entre Meca e o Dubai"; "e dali mergulhei no incógnito, desperto na madrugada"; "sim, esse era o objectivo, ver a côr"; "neblina, nevoeiro, lágrimas que se transformavam em vidro pelo negro do pensamento e que se estilhaçavam na ingratidão" e “Sensualmente espalhou o perfume em si.”; “Nunca imaginou fazer tal coisa na areia!”; “E se eu fico todo sujo?”; “A música invadiu o ambiente”; “Não sejas tão seco!”"
Uau!!! Fui a primeira!!!!
ResponderEliminarAgora vor ler o post e já volto...
Já li o texto em outro blog e devo dizer que adorei. Está o máximo, podem continuar a escrever em conjunto.
ResponderEliminarBjs
Humm....
ResponderEliminarPost novo! Mas hoje não tenho tempo para ler. Passei só para deixar um olá. Prometo que volto com mais tempo. :-)
Ainda não vi o blog do Outro, mas assim que puder vou espreitar...
ResponderEliminarMuito giro e... nada melhor que "começar" com o som do riso!:)
Raf,
ResponderEliminarFico contente com as descordenações que levaram a esta excelência de texto do OUTRO, vamos descordenar isto mais vezes.
Abraço,
Ehhhh lá... este texto foi escrito a muitas patas!!
ResponderEliminarBeijo de enxofre
Muito bem, assim é que é, partilhar e combina-las ideias pode resultar muito bem :)Antigamente costumava "jogar" a um jogo muito engraçado que devem conhecer. Começar a escrever um texto com várias pessoas, com frases soltas, mas sem ver a frase anterior escrita pelo outro, apenas a última frase. Era o rir quando viamos o texto integral no final :P
ResponderEliminar:))
ResponderEliminar"A sua vontade de se libertar do que nunca tinha tido levara-a ali..."
pressuponho kés filho unico ó o mais belho né??
gostei da profundidade ;))
xinhuuuuuuuuuuuuuuuuuuus pa tu da lua
Rafa,está muito bem escrito, muito fixe, gostei muito pá! Parece um poema dos "Broa de Mel"...
ResponderEliminarbem pela terçeira vez leio este texto...:):)pensem já noutro...:)
ResponderEliminarbeijinhos da ci
E os parabéns também ao Raf...
ResponderEliminarUfff... já só falta a damula...
;-)
Estão a escrever muito bem...
ResponderEliminarIsso anda mesmo com magia!!
Um abraço
Nasceste: Tiveste sorte! Olha eu fui parido, pois como diz o poeta:
ResponderEliminar"A RICA TEM NOME FINO
A POBRE TEM NOME GROSSO
A RICA TEVE UM MENINO
A POBRE PARIU UM MOÇO"
Até sempre
Cordiais latidos
Parabéns aos autores. Espero ler mais textos soltos escrito por vocês.
ResponderEliminarUma braçada amiga
Parabens :)
ResponderEliminarEstá muito bom... :)
Excelente ideia meninos e meninas ;)
Não está nada mal, nãi senhora.Não deves ter muito que fazer, é o que é!
ResponderEliminarSó tenho uma coisa a dizer: rendo-me ao poder de escrita do(s) autor(es) deste texto!!
ResponderEliminarJunto o meu contentamento ao vosso lendo-vos.
ResponderEliminarUm bom trabalho de equipa, sem duvida alguma. Venha o próximo!
ResponderEliminar(Está excelente!
ResponderEliminarReitero o teor de alguns comentários acima - parabéns aos autores!)
Sê pois bem vindo a este mundo :)
Já não se pode ir de férias.
ResponderEliminarAgora primeiro que ponha a escrita em dia vai ser uma trabalheira.
P R O T E S T O!!!!!!
Tou a ver que por cá, tá tudo muito inspirado.
Inté
Tá "bãoe" sim senhor! Esta brindadeira de escrita a muitas mãos e patas me gusta e funciona bem, muito bem! Ainda vai dar em livro...
ResponderEliminargostei mto =)
ResponderEliminarcontinuem!
bjts
muito bem, o meu aplauso
ResponderEliminarMDB
Uma vénia ao rafeiro e companhia!:) gostei muito do texto!
ResponderEliminarAos 5 feitores deste post aqui faço uma vénia metafórica, já vou tendo alguma idade para estas coisas e tenho as artrites em fase avançada.
ResponderEliminarParabéns, adorei! Vão continuar...
Não se esqueçam que "alguém" ou o outro nasceu...não o "matem" à nascença!
Festinhas com aquelas luvas que se vendem no Bodyshop!
Mais uma vez adorei... tou me a tornar repetitiva...
ResponderEliminarA união faz a força, e vocês provaram isso muito bem, parabéns…
bjs
E assim vão descobrindo a afinidade das palavras num "jogo" riquissimo, esteticamente perfeito!
ResponderEliminarEstá mesmo muito bom.
ResponderEliminarFiz uma brincadeira com uma conhecida minha, forneci as palavras:
flatulência, unhas dos pés, chocolatinhos, cu e boi. E ela escreveu um livro com isso
Xeroso
ResponderEliminarSó faltava vir à tua casa, dar-te os parabens pela colaboração e iniciativa.
Já disse ao big, o Outro quando editar o book vai ter muito que dar ao dedo com os autógrafos:-)
Beijocas
é difeirente. mas tá muito bem! os meus parbéns!
ResponderEliminarnão acredito! post novo e não passou uma semana!...
ResponderEliminaruma boa ideia e a história ficou muito interessante ...
e, eu que tou longe não esqueci de vir aqui espreitar..
LOL...grande texto e grande ideia :D
ResponderEliminarContinuem...
Como já referi lá na casinha do original: parabéns pela ideia excelente e pelo produto final :)
ResponderEliminarja li os blogues indicados..esta tudo mt bem escrito!
ResponderEliminarLindissimo!
ResponderEliminarObrigado a todos pelos comentários. Não posso deixar de dizer, especialmente para os mais distraidos, que o mérito deste texto vai quase na totalidade para o OUTRO. Infelizmente, esse jove ao criar este texto colocou uma grande responsabilidade nos outros elementos da "tertúlia", uma vez que será difícil igualar a qualidade do mesmo.
ResponderEliminarUm grande RAUF para todos!
Ai é???
ResponderEliminarAtão um beijo para o OUTRO!
Texto interessante!
Ta fixe o texto
ResponderEliminarTodos os talentos reunidos nesta epopeia, estão em igualdade de circunstâncias. A obra nasce por incentivo e motivação de todos. As fasquias são metas a cumprir, atribuidas apenas aos que têm força para isso... Tu pertences aos Tais.
ResponderEliminarSaudações
Por momentos pensei que me tinha enganado na casota ...
ResponderEliminarMas que é um belo texto, lá isso é!
\m/
Iston está, no mínimo, estranho, mas sem dúvida que é um exercício de escrita brilhante
ResponderEliminarGaja Boa I, e eu, e eu???
ResponderEliminarObrigado, white_fox, partilho da tua opinião.
Nefertiti, conehço uma pessoa que tb devia estar neste grupo... TU!
Bjecas, compreendo a tua confusão. Digamos que é uma experiência alternativa.
Yashmeen, não poderia estar mais de acordo contigo. Um grande RAUF para ti!