Este foi, sem dúvida, o único poste que fiz e refiz diversas vezes, por ter sido o único que me custou verdadeiramente a escrever. Colocar um ponto final é sempre complicado, ainda mais em algo que me trouxe tanta coisa de bom, como novos amigos, a publicação de dois livros, redescobrir em mim o prazer da escrita.
Ao longo destes anos em que tenho deambulado pela blogosfera, acho que assisti a quase tudo, desde nascimentos, casamentos, divórcios, namoros, arrufos e até morte. Desengane-se quem olhar para este espaço como algo oco, sem essência. A blogosfera é aquilo que os bloguistas querem que ela seja, e eu tive o privilégio de me ter relacionado com excelentes pessoas, construindo relações que espero vir a manter no futuro. Quanto a mim, sinto que cresci imenso, não só em termos de personalidade como em gordurinha à volta da cintura, pelas muitas horas passadas em frente ao computador.
No entanto, a vida é feita de ciclos, e este chegou ao fim. Não consigo manter o Rafeiro Perfumado nos moldes actuais, pois apesar de ainda me divertir consome-me demasiado. Conheço a fórmula de sucesso para um blogue, mas ou não consigo ou não quero aplicá-la, pois arriscaria trair tudo aquilo em que acredito. Mesmo assim, mandando a modéstia dar uma curva, tenho orgulho daquilo que aqui consegui nestes quase quatro anos: publicação quase semanal, resposta a todos os comentários, retribuição de todas as visitas que me fizeram, nunca ter mandado ninguém levar na peidola e, acima de tudo, divertir-me à grande.
E não se preocupem, uma das belezas da blogosfera é que por cada blogue que termina, existem logo dois ou quatro que surgem, com mais conteúdo, com mais piada, com donos mais bonitos. Pronto, talvez a parte dos donos seja exagero, mas acho que perceberam a ideia. Não quero despedidas, não quero apelos lacrimejantes para não terminar, já conheço o suficiente deste espaço para saber que alguns sentirão a minha falta, mas que essa sensação passará em pouco tempo, pois a blogosfera é algo sempre em mudança, um animal faminto, com um apetite voraz por atenção, não se compadecendo com quem deixa de a alimentar. E na prática o Rafeiro não termina, afeiçoei-me demasiado ao bicho e já não o consigo abater a sangue frio, simplesmente irá mudar, para um formato que nem eu sei bem qual é, mas que nunca me poderá ocupar tanto tempo como agora.
Sei que o texto já vai longo, mas nunca me atreveria a fazer algo deste género sem vos dar uma satisfação, sem agradecer todos estes momentos fantásticos que aqui passei. Sim, porque o Rafeiro não sou apenas eu, são todos vocês que o acarinharam, que o alimentaram com as vossas visitas e comentários e que o ajudaram a crescer.
Muito obrigado e até sempre!