Espera, não fujas! Não vou atribuir nenhum prémio ou selo, fiz essa brincadeira uma vez e ainda hoje me arrependo, tal o caminho que aquilo tomou. Não, o que hoje me leva a escrever são outros motivos, mais precisamente aquelas votações que estão constantemente a serem promovidas por revistas, jornais, sites e outras publicações, nas quais se elege o “mais ou menos qualquer coisa do mundo”, sendo que “qualquer coisa” assume múltiplos papéis, desde a mulher mais sexy até ao homem menos inteligente, com inúmeras variações pelo meio. E não estejam aí todas sorridentes, gaijas, que a escolha dos exemplos foi completamente ao calhas.
Está certo que a nossa raça tem uma tendência natural para se comparar, desde a olhadela inocente no urinol até à observação invejosa do soutien da vizinha (que fique claro que em ambos os casos não sou eu o observador), mas este tipo de votação, o maior ou melhor do mundo, parece-me sempre uma palhaçada, por uma quase infinidade de motivos. Ainda hoje tenho presente uma votação efectuada por uma revista de música para determinar o melhor grupo musical do século XX. O vencedor da votação? Backstreet Boys. Queen? U2? Beatles? Xutos e Pontapés? Afonsinhos do Condado? Não, a escolha recaiu sobre uns teenagers esganiçados, de sexualidade duvidosa, que tiveram uma duração na indústria musical comparável a uma rapidinha mal dada e um impacto semelhante a um apalpão com a unha lascada na nádega esquerda da Odete Santos.
Esta é apenas uma das variáveis que tira qualquer credibilidade a este género de votações, o universo dos “eleitores”. Apesar de no exemplo dado predominarem os fedelhos com 14 anos, bastava não serem os Queen a ganharem para se evacuar imediatamente no resultado. Mas mesmo em temas mais interessantes, como “as melhores glândulas mamárias ao cimo da terra”, não me recordo de me ter sido pedida a opinião. Como é que podem esperar que eu aceite os resultados apresentados se lhes falta a opinião de um especialista?
Outra variável que me levanta sérias dúvidas é a escolha dos candidatos. Se falamos de algo a nível mundial, parece-me apenas justo que todas as hipóteses possíveis vão a votação, certo? Nem que isso implicasse um boletim de voto capaz de dizimar 7% da Amazónia, mas tinham de constar lá todas as possibilidades de voto. Quando foi a eleição do não sei quem para homem mais sexy do mundo, por que motivo é que eu não entrei na escolha? E eu que ouça um risinho, por muito abafado que seja!
Querem ser credíveis? Expliquem muito bem o que estão a fazer, desde quem está a concurso, os meios usados para votar e o universo de eleitores. Ignorem uma destas variáveis e podem pegar nos resultados e enfiá-los num certo sítio, ou no vosso ou no de quem acredita nessas tretas.
Até sempre,
Rafeiro Perfumado